Autora: Leandra Giacomelli
O mundo VUCA traz possibilidades incríveis para quem se permite observar e tentar entender melhor essa realidade desafiadora. Você e sua empresa estão preparados?
Com o surgimento do COVID-19, o termo VUCA voltou a ganhar espaço no mundo para auxiliar no entendimento do momento que estamos passando onde a incerteza, a imprevisibilidade e a transformação estão presentes em nosso dia a dia.
Nos últimos três meses, o mundo inteiro, está sendo desafiado e marcado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Isso comprova que estamos todos inseridos no Mundo VUCA.
As organizações estão sentindo o impacto destas mudanças ocasionadas principalmente pela conectividade e os avanços tecnológicos. A realidade que estamos vivendo hoje seja no ambiente político, social, ecológico ou financeiro nos mostra que devemos mudar a forma de gerir nossas empresas para potencializar as chances de sucesso nas organizações. Para fazer isso, o conceito VUCA pode nos ajudar a definir onde estamos e onde queremos chegar.
O conceito VUCA vem do inglês (volatility, uncertainty, complexity and ambiguity). Em português temos VICA – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Esta sigla surgiu no mundo militar no final dos anos 90, pela visão de oficiais em operação. Os acontecimentos neste cenário são caóticos e imprevisíveis. VUCA é hoje um dos termos mais utilizados para descrever a nossa realidade.
Em um momento de grandes incertezas e riscos, como estamos vivendo na gestão das empresas, este conceito nos ajuda a entender como administrar melhor os negócios, melhorando nossa forma de conduzir e avaliar as melhores estratégias para nos levar ao sucesso. Nesse mundo VUCA, mais importante do que o que a gente faz, é a rapidez com que nos adaptamos à mudança. Observe o quadro abaixo:
Fonte: https://professorannibal.com.br/2018/03/13/identificando-e-desenvolvendo-oportunidades-em-um-mundo-vuca/
Os termos da sigla VUCA apresentam uma visão importante sobre o mundo contemporâneo
Volatidade: As mudanças estão cada vez mais rápidas. Tudo é volátil, o mundo é inconstante e nada é permanente. A duração dos acontecimentos muitas vezes é incerta, o conhecimento sobre as situações pode estar presente, mas o importante é que nossa ação seja rápida. Para isso, nossa estratégia precisa deixar de resistir às mudanças e, ao invés disso, seguir com elas.
Incerteza: É a falta de previsibilidade sobre o resultado futuro, assim, é absolutamente importante a análise dos dados do presente. Temos ainda, a quantidade de fatores a serem analisados que é virtualmente impossível de ser medida, pela sua relação não linear dentro do sistema e a evolução de sua interação à medida que o tempo passa.
Complexidade: Na cultura VUCA a complexidade se refere à conectividade e interdependência. Interações não lineares e resultados não previsíveis dificultam nossa capacidade de agir diretamente nos sistemas através de modelos tradicionais de controle de riscos. Em ambientes complexos, nós não sabemos diretamente o resultado de nossas ações.
Ambiguidade: A ambiguidade ocorre quando é muito difícil encontrar relação de causa e efeito ao analisar um acontecimento. Evidências são insuficientes para estabelecer o significado de um evento. Resultados podem ser interpretados de diversas formas e ter conhecimento da situação pode ser totalmente irrelevante. Podemos citar como exemplo o lançamento de um novo produto num mercado emergente ou criar um modelo completamente novo de negócio.
A pergunta que cada empresa precisa fazer não é mais se o seu negócio sofrerá uma ruptura, mas sim quanto tempo será necessário para se reinventar.
Um ponto chave na gestão de projeto VUCA está em permanecer monitorando todo o processo de mudança. É preciso fazer estudos do impacto destas variáveis em grandes projetos, antecipando possíveis riscos (oportunidades ou ameaças), e fazer mudanças rápidas no projeto. Um planejamento para 5 ou 10 anos não é mais viável se não sabemos o que poderá acontecer nos próximos dias.
Para obter sucesso na utilização do conceito VUCA, precisamos nos sobressair aos modelos organizacionais centralizadores. É necessário apostar na interdependência que pressupõe transparência e colaboração. Quanto mais hierarquizada for uma organização, maiores são as dificuldades de comunicação e o compartilhamento de informações, comprometendo a velocidade de execução dos planos táticos e estratégicos. As equipes precisam ser conectadas através de uma consciência de compartilhamento e a execução tem de ser incentivada.
A capacidade de criar direção, alinhamento e compromisso entre todos os integrantes da empresa para atingir um objetivo maior, é o que vai fazer a diferença nesse ambiente de transformação. É preciso ter uma equipe nota 10, saber lidar com ela e liderá-la.
As tecnologias exponenciais como a inteligência artificial, a robótica, a impressão 3D e o sensoriamento aliadas à internet das coisas estão mudando a natureza dos negócios. Praticamente desapareceram as fronteiras geográficas, setoriais e de negócios. Fica cada vez mais difícil entender as causas e os “quem, o quê, onde, como e porquê” que estão por trás das mudanças.
Este período de transição não é nada simples. Sair de um modelo atual para um novo requer novos recursos, processos, competências e principalmente abandonar modelos tradicionais que estão obsoletos. Uma saída comum nas empresas é investir em inovação. Precisam aproveitar o seu negócio atual enquanto exploram novos negócios e se reinventam.
As estruturas e processos que orientam o crescimento das empresas são as mesmas que matam as oportunidades emergentes. A resistência e o apego aos negócios atuais acabam confundindo a mente dos gestores sobre as mudanças que estão ocorrendo. Um exemplo disso foi o que aconteceu com a Kodak que superestimou o tempo de vida útil de seu negócio. Mesmo sendo a primeira empresa a fazer um protótipo da câmera digital em 1975, a empresa não acreditou que o seu negócio de filmes seria destruído pela digitalização e descartou a possibilidade de testar o mercado de câmeras digitais. A Kodak ficou tão presa ao sucesso do momento que não enxergou a possibilidade de mudança.
Qualquer setor hoje pode sentir a ruptura causada por um novo player tecnológico que pode surgir sem avisar vindo do vale do silício, ou de Israel ou de outro local onde o capital de risco, o empreendedorismo e a tecnologia estejam andando de mãos dadas. Alguns setores já sentem um impacto maior como o de mídia com a entrada de novos players como a Netflix, Instagram, Spotify, o do varejo como o Ebay, Amazon, Alibaba e o de turismo como o Airbnb, Booking, Trip Advisor. Até as indústrias mais tradicionais como saúde, energia e bancos já sentem a revolução tecnológica. As Fintechs que são uma evolução das startups financeiras, são também fruto da 4ª Revolução Industrial que marca nossa vida atualmente. No setor produtivo, fábricas inteligentes já começam a produzir itens customizados em larga escala, sem a necessidade de estoques. No mercado financeiro, essa revolução também vem mudando conceitos antigos e transformando o setor. Um exemplo disso é o Nubank que desenvolveu produtos financeiros totalmente digitais, menos burocráticos, mais transparentes e baratos e que desafiam o mercado dominado pelos grandes bancos.
Para competir com os novos negócios, os tradicionais precisam criar estratégias de ataque que aumentem suas forças – reconhecimento de marca, relacionamento com os consumidores, produtos e serviços de nicho para criar vantagens competitivas. Esta atitude não é simplesmente de incorporar a tecnologia dentro do negócio atual. Precisam entender o impacto da exponencialidade nos hábitos de consumo e antecipar as mudanças criando novas oportunidades.
Não espere outra empresa substituir seu modelo de negócio, seja protagonista!
Com isso, ou você encontrará mercados inexplorados (o que será maravilhoso!) ou estará alerta e poderá prever possíveis impactos rapidamente.
Em 2015, em uma entrevista o presidente do conselho da Cisco Systems – líder mundial em TI e redes – John Chambers – mencionou que num horizonte de 10 anos, 40% dos consumidores de qualquer empresa desaparecerão. Provavelmente a pandemia tenha agilizado o processo. Os hábitos de consumo estão mudando com a entrada de novos players digitais que criam modelos de negócio que trazem mais conveniência, mais simplicidade e barateiam os serviços ou produtos existentes. As empresas que não estão conseguindo se adaptar rápido estão desaparecendo.
Para melhorar o processo de tomada de decisões em um ambiente VUCA precisamos descobrir como mudar nossos padrões de pensamento, como identificar nossos pontos cegos, como desafiar nossas premissas e estudar diversas possibilidades para tomar a melhor decisão, como estimular a intuição e insights para conseguir soluções sem conceitos tradicionais e como conseguir envolver toda a equipe independente da multidisciplinariedade e diversidade que exista.
Para auxiliar na tarefa de encontrar respostas aos “como”, acima citados, é necessário construir habilidades que toquem diretamente em cada tema, diminuindo seus riscos e modificando a forma que conduzimos os projetos. Assim, foi criado um antídoto, também com o acrônimo VUCA: Vision (Visão); Understanding (Entendimento); Clarity (Clareza) e Agility (Agilidade) como nos mostra o quadro abaixo:
Figura 2 – Competências VUCA
Vamos entender melhor cada uma destas competências
– Visão(estratégica) – A volatilidade é atenuada através da criação de uma visão compartilhada e alinhamento sobre o mundo. Um ponto importante nas empresas de hoje, onde é preciso uma visão clara de para onde a empresa está seguindo. Envolve os seguintes elementos: foco, crença e alinhamento de visão. Foco para dar direção à organização, refletir sobre o propósito da empresa e idealizar um futuro promissor. Identificar oportunidades pensando globalmente. Acreditar em fatos e evidências assim como em si mesmo e na equipe. Desenvolver as habilidades de comunicação, criação e conexão. Garantir o compartilhamento dos valores organizacionais alinhando todos os colaboradores em torno do propósito da empresa.
– Capacidade de entendimento (pensamento crítico) – Em um ambiente de incertezas é fundamental a capacidade de análise e entendimento. Temos de desenvolver a curiosidade para nos perguntarmos por que as coisas são como são, desafiando o status quo na sua organização. Ter um espírito de aprendiz. A empatia para entender o pensamento diferente do outro explorando novas ideias, mantendo a mente aberta para refletir e buscar análises críticas e construtivas. Entenda seu contexto de negócio, não se compare com outros e não caia em fórmulas prontas para obter sucesso. Pratique a adaptabilidade e compartilhe informações. Permita que soluções cheguem de diversas áreas, incentive atitudes favoráveis para que os resultados apareçam.
– Clareza e amplitude – O líder precisa ter clareza para lidar com a complexidade. O desenvolvimento da intuição, simplicidade e pensamento sistêmico são vitais. A intuição faz uso da sabedoria apoiada no instinto e na experiência do líder. A simplicidade ajuda a ser menos dramático e amenizar a complexidade de algumas situações. O líder deve ser flexível e resiliente. O pensamento sistêmico faz com que seja observado o todo e o modo como as partes interagem compreendendo melhor sistemas complexos e dinâmicos.
– Agilidade – A agilidade é um elemento chave e abrange a capacidade de inovação, determinação e de empowerment. Um líder determinado se adapta com maior facilidade as circunstâncias e toma decisões ágeis e com confiança. Identificam o conhecimento que precisam desenvolver e adquirem o Know-how necessário. Inspiram e empoderam os colaboradores fomentando a inovação e a busca por fazer cada vez melhor. As empresas precisam se mover de uma cultura de controle e planos fixos para um contexto ágil e de redes. Grandes projetos precisam ser desmembrados em menores para que os times possam responder rapidamente às mudanças de ambiente.
Para vencer no ambiente VUCA todos devem ter uma mente aberta e um elevado índice de inteligência emocional. Os especialistas do modelo tradicional não existem no ambiente VUCA. Há uma grande utilização de ferramentas criativas e avançadas de solução de problemas complexos como Agile, Scrum, Big Data, User Experience e Design Thinking. A equipe é automotivada e se inspira no líder. O ambiente é dinâmico, informal e flexível com grande diversidade, heterogeneidade e múltiplas perspectivas.
A informação é fluída e disponível a todos. Os erros não são punidos e o trabalho é feito de qualquer lugar em qualquer hora e os resultados compartilhados.
O maior ativo do século é o tempo e ele não pode ser desperdiçado com improdutividade. Para isso é vital eliminar o excesso de burocracia nas relações entre os setores e profissionais da empresa, diminuindo assim o tempo de resposta e ação entre os procedimentos.
O novo modelo de gestão demanda compromisso da alta direção em investimento e ações que fortaleçam a transição para que o novo formato de trabalho seja consolidado. Nenhum esforço trará retorno se os profissionais não conseguirem responder assertivamente aos estímulos e metas estabelecidas. Para isso o desenvolvimento constante da equipe em nível de excelência é necessário.
A realidade da vida pós-COVID19, segundo especialistas, ainda não tem uma definição a não ser a de que a crise global a qual estamos passando nos mostra ainda mais a importância de continuarmos buscando a informação
Empresas prontas para enfrentar a realidade VUCA sabem que não possuem as respostas para todos os desafios, mas estão dispostas e abertas a aprender.
Para estar preparado é importante fazer parte de um ecossistema de inovação. Este ambiente dinâmico e de criação permite estar conectado com as aceleradoras, startups, universidades, empresas e governo, com propósitos alinhados, que potencializam o conhecimento e soluções.
A VENTIUR está preparada para aproximar você ou sua empresa desse ecossistema de inovação, oxigenando seu cérebro para enfrentar os desafios da realidade VUCA.
“Em um período de rápidas mudanças e crescente complexidade, os vencedores serão aquelas organizações que podem manter seus ritmos de aprendizagem maior do que a taxa das mudanças e maior do que a sua concorrência” Tom Hood