Por Vagner Lahude
Não se engane.
KM, sigla que aparece no título deste artigo, não significa kilometro. Na verdade, se refere a Knowledge Management, ou seja, Gestão do Conhecimento.
Nos últimos meses tenho estado mais perto do mundo das startups. Confesso que o tempo não tem sido generoso para que eu possa me aprofundar mais no tema da Gestão do Conhecimento aplicado a esta categoria de empresas, porém, a literatura sobre Gestão do Conhecimento, por si só, já nos oferece muitos subsídios para tratarmos do tema.
Em minhas observações nestes meses tenho percebido que a (co)existência da Gestão do Conhecimento em startups se dá de maneira mais espontânea, nativa, não estruturada, quase tribal. Diferentemente da maioria das empresas, nas quais, por vezes, precisamos fazer grandes esforços para aplicar os processos que permitem reter conhecimentos em prol da organização.
E isto é o fascinante de uma pequena organização. Ideias têm potencial para germinar e se transformar em grandes negócios. Pelo menos é para isso que os empreendedores se dedicam diariamente.
O que quero dizer (e reafirmar) é que, em pequenas empresas, a maior parte das startups a comunicação ocorre naturalmente, haja visto que as equipes são, geralmente, pequenas e se conectam bem.
Por isso, muito longe de querer esgotar o assunto, meu objetivo neste artigo é apenas de relembrar alguns aspectos da Gestão do Conhecimento que, até de forma intuitiva, muitos empresários já aplicam no seu “fazer” cotidiano. Porém, se meus apontamentos servirem para a formação continuada, tanto melhor.
#1. Lembre-se que os ativos de conhecimento são o valor da sua organização
Nunca se esqueça que as pessoas (e seus conhecimentos particulares), os recursos ou o próprio dinheiro podem ir e vir, mas o conhecimento que sua empresa gerar e, principalmente, reter, permanecerá na sua organização e poderá sempre fomentar novas ideias.
#2. Centralize ativos do conhecimento
Centralize o conhecimento da organização identificando e comunicando os espaços formais ou repositórios para que todos possam saber onde buscar e deixar conhecimento. Atualmente, temos “a nuvem”, o que torna tudo mais fácil. Além disso, existem milhares de ferramentas on-lines (e gratuitas) que lhe permitirão manter uma base sempre disponível. Evite que seus colaboradores (e você mesmo) mantenham o conhecimento APENAS em seus repositórios pessoais, ou seja, computadores, e-mails pessoais, telefones, etc. Obviamente que, em determinadas situações, documentos confidenciais, restritos e jurídicos, se definidos como tais, devem ser mantidos em áreas restritas.
#3. Comunique sua estratégia de KM Organizacional e suas práticas
Se você olha para a sua empresa e percebe que o ambiente está fragmentado, pouco propício para a Gestão do Conhecimento, marque uma reunião com sua equipe para discutir os possíveis problemas (E SOLUÇÕES) com os “donos” dos repositórios particulares. Traga as pessoas para o seu lado e lhes mostre a importância de compartilhar conhecimentos para a continuidade do negócio. Isso faz parte da maturidade de uma organização. Recomenda-se que a equipe se reúna, pelo menos, uma vez por semana.
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#4. Incentive a equipe a encontrar respostas, mais do que culpados
Estudos recentes mostram que os colaboradores gastam até 20% (ou mais) do seu tempo à procura de respostas aos problemas que decorrem da execução de suas funções. Centralizar seus ativos de conhecimento certamente reduzirá algumas dessas ineficiências organizacionais, além de reduzir a dependência e o re-trabalhado.
#5. Estabeleça uma estrutura de conhecimento para além de papéis funcionais
Provavelmente você possui, em seu quadro de colaboradores, diferentes indivíduos encarregados das mais diferentes áreas: Marketing, Vendas, TI, etc. Você os contratou porque eles eram especialistas em seu campo e podem trabalhar de forma autônoma, individual. Porém, tome cuidado para que eles não sejam tão autônomos que seus conhecimentos fiquem restritos unicamente a si próprios. Crie momentos em que eles possam compartilhar esses conhecimentos com seus colegas, mesmo os de outras áreas. Por vezes, os conhecimentos de alguns, complementam os conhecimentos de outros e aquilo que eles trazem era, exatamente, o que faltava para completar a resposta ao problema do outro. Esses momentos podem ser, desde palestras rápidas, até o estabelecimento de um tempo para um “cafezinho” orientado.
#6. Permita a sua equipe compreender o sentido de conhecimento tácito e conhecimento explícito
Reforce com sua equipe os conceitos de conhecimento tácito e explícito. Conhecimento tácito é aquele que você tem em sua cabeça e pode expor à vontade. Em outras palavras, você não sabe o que você sabe, até que alguém pede que você fale sobre. Já o conhecimento explícito é o conhecimento tácito que foi registrado, estruturado e transformado em um ativo do conhecimento organizacional. O conhecimento explícito pode ser encontrado por todos, que poderão reutilizá-lo, e colaborar com ele (e formar novos conhecimentos).
Lembre-se, esta é apenas a pontinha do iceberg. Talvez você esteja pensando: mas não temos tempo para isso; fazer isso toma tempo. É verdade. Mas basta lembrar que conhecimento é o valor máximo da sua organização; é o seu diferencial competitivo.
Se você não tem uma estratégia de KM (ou GC) provavelmente seu negócio já esteja caminhando para o abismo da morte.
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Graduado em Licenciatura em Computação pela Universidade Feevale, é pós-graduado em Gestão do Conhecimento e Tecnologias da Informação pela Universidade Luterana do Brasil. Atualmente é professor dos Cursos Técnicos em Informática e Comunicação Visual do Instituto de Educação Ivoti, consultor de GCTI em diversas empresas do Vale do Sinos e atua na startup Devorando como responsável pelo setor administrativo-financeiro.
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