Pela criação de um futuro customizável e de novas tecnologias

Por: Luiz Henrique Rauber Rodrigues

  Como identificação de uma pedra angular, o mundo data o 2005 e o evento Maker Faire (e a revista Make Magazine), que estimulou com que vários nerds da cultura do “Do It Yourself – DIY/ Faça você mesmo”, saíssem de seus quartos e garagens e fossem lá expor o que produziam e aprender mais. Sobre a cultura DIY, e também este evento, se leva a pensar não é nada novo um movimento para reunir estes nerds, afinal o Apple I foi mostrado para a imprensa pela primeira vez em 1975 por Steve Wozniak e Steve Jobs numa feira de computadores caseiros, a Homebrew Computer Clube, mas hoje é diferente, não é só o nerd que está sendo emponderado a vir à luz.

  Este empoderamento que vem desde 2005 é fruto de um dos grandes movimentos recentes e certamente disruptivo, levando em conta uma evolução histórica e por vezes centralizada, o denominado “maker movemmnet / movimento maker”. Este movimento traz uma mentalidade para que qualquer pessoa possa criar, prototipar, produzir, vender e distribuir qualquer coisa que ela fizer.

  O movimento cultural maker dá uma dinamicidade de “dar o poder” da construção para qualquer pessoa. Isso tem até sido considerado uma nova revolução industrial, pois esta mudando toda uma lógica de produção e venda, de conhecimento e informação, pois o que era centralizado em indústrias, pode ser feito em casa. A abrangência cultural esta atingindo a todas pessoas que tenham interesse nesta cadeia mercantil. Para uma exemplificação simples em 2 tipos de pessoas, consideraremos os nerds e os desingers:

  Um nerd de tecnologia, criou um microcontrolador porque ele queria ou precisava, o arduino (mas poderia ser citado outros muitos);
  Este arduino foi divulgado como hardware livre o que possibilitou que, com baixo custo, outros nerds o copiassem e o utilizando, prototiparam uma impressora 3D;
  Esta impressora num conceito RepRap, foi otimizada por outros nerds e ficou com uma qualidade similar a que é vendida pela indústria, custando bem menos;
  Sabendo disso, um designer que dependia de criar escala e da indústria para produzir seus produtos, comprou uma destas impressoras, e agora a usa para produzir em casa chaveiros que como em pequena escala, são até personalizados;
  Já um outro grupo de nerds que gostam de produção em madeira e não em plástico, otimizaram processos parecidos e desenvolveram uma CNC;
  Agora um outro designer cria e produz cadeiras, quadros, letras e afins em casa, e não mais numa grande madereira que ficava com parte de seu lucro;
  E de nerd pra nerd, de um conceito parecido a CNC, outros nerds queriam mais profissionalismo em suas placas eletrônicas caseiras. Com isso, produziram uma fresadora que é quase auto-replicante como a RepRap. Esta fresadora é utilizada agora até na Universidade para prototipar placas eletrônicas em casa, sem a necessidade de pedir, até para outros países, que façam isso.

  E a cultura maker é totalmente descentralizadora. Outro exemplo dentro deste movimento, e destacado recentemente pela Maker Faire, é de alguém que produziu, sem tecnologia eletrônica, um tipo de horta vertical que facilitou o cultivo de hortaliças e tá mudando o cenário municipal.

  As criações, estimuladas por necessidades ou apenas por curiosidade, tem proliferado esta revolução em todas as dimensões. Ao mercado consumidor a atenção maior está no impacto industrial no presente, mas tem tido até mais impacto no espectro educacional, e por isso, o impacto industrial será futuramente maior, e a indústria precisa aprender sobre esta cultura. Antigamente a criança que desmontava seus brinquedos era até punida por seus pais e afins, mas hoje, é estimulada a fazer isso por eles, e aprende ainda mais a desmontar em sua escola ou em cursos extras. Estas crianças estão aprendendo eletrônica, robótica, programação (…), a cultura de que elas podem criar e fazer. Na educação é preconizado para que a atenção seja muita maior no “processo” do que no “produto”. Esta mudança de foco fará com que estes futuros consumidores, não tenham desejo em comprar um chaveiro pronto, talvez se personalizado… mas sim muito em uma impressora 3D.

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 LUIZ HENRIQUE RAUBER RORIGUES | Consultor e professor

Empreendedor, professor, palestrante, pesquisador e afins; Professor no Senac Santa Cruz do Su; Mentor Startupies Weekend; Mestre em Nanociências; Especialista em Gerenciamento de Projetos; Bacharel em Ciência da Computação. Palestrou Campus Party/Latinoware/ Fisl. Interesse principal em software e hardware livre, hackerspaces, startups, DIY, TI Verde, biohacking.

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