Ecossistemas de Inovação: O que são, quais seus benefícios e como criá-los?

O que são ecossistemas de inovação?

Ecossistemas de inovação são ambientes que promovem articulações entre diferentes atores que enxergam a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico.

 Observando analogamente, da mesma forma que ambientes colaborativos dentro de organizações (com equipes de múltiplas habilidades e capacidade de cooperação entre si) estimulam melhores resultados, obtêm-se também melhores resultados da interação de diferentes empresas entre si, respaldadas por todos os atores que compõe a sua rede.

A palavra ecossistema dentro da biologia significa um conjunto de comunidades que colaboram entre si para a sobrevivência e desenvolvimento de todas. O mesmo ocorre quando empresas de tecnologia e sociedade se unem para fortalecer um ao outro. Embora possa ocorrer de maneira natural, é comum que essa sinergia seja inicialmente promovida por um ou mais agentes que trabalham com esse propósito até atingir-se o ponto em que o ecossistema irá se auto-gerenciar horizontalmente, da forma que vemos em grandes expoentes como Estados Unidos e Israel.

Em suma, ecossistemas de inovação são polos que reúnem infraestrutura à capital humano e financeiro para favorecer ambientes de pesquisa e desenvolvimento que buscam solucionar dores latentes de mercado, criando novos produtos, serviços e projetos que atendam à tais necessidades.

Quem é responsável pelos ecossistemas de inovação?

 

Um ecossistema de inovação é formado pela colaboração de diversos agentes como aceleradoras, startups, fundos de venture capital, parques tecnológicos, grandes empresas de tecnologia, associações, governo e universidades que trabalham com o mesmo propósito.

Analisando as grandes inovações das últimas décadas, nos mais diversos setores, evidencia-se que as startups são agentes fundamentais dentro desse ecossistema.

Conforme Brad Feld detalha no seu livro Startup Communities: Building an Entrepreneurial Ecosystem in Your City (em português, Comunidades de Startups: Construindo um Ecossistema Empreendedor na sua Cidade), para o sucesso de um ecossistema de inovação é importante que o mesmo seja liderado por empreendedores. O autor cunhou seu estudo como a Teoria de Boulder (Boulder Thesis).

Todavia, segundo o autor, haverá pouco resultado dos empreendedores (leaders) sem a colaboração dos feeders (fomentadores), que dentro desse sistema são todas as outras instituições citadas anteriormentes que precisam apoiar essa liderança empreendedora para que haja desenvolvimento de todo o ecossistema.

 

Quais os benefícios de um ecossistema de inovação?

 

Empresas que cooperam entre si crescem mais rapidamente e adquirem vantagens competitivas frente àquelas que precisam passar por toda curva de aprendizado sozinhas. A palavra chave do sucesso é colaboração.

Podemos citar diversos exemplos de dores comuns, porém a captação de talentos, que é um desafio de todas as empresas que precisam escalar seus negócios, se destaca. Um ecossistema de inovação sólido atrai talentos que buscam impulsionar suas carreiras em ambientes que estão em constante desenvolvimento.

Aqui entra uma conexão importante entre universidades com parques tecnológicos que podem trabalhar juntos em programas de estágio e início de carreira para que os melhores acadêmicos saiam dessas instituições de ensino encaminhados para dentro desse ecossistema.

Todavia, mesmo colaboradores maduros valorizam o aprendizado, reconhecimento de seus pares e até o status de trabalhar dentro de grandes empresas de base tecnológica ou de startups com inovações disruptivas.

 

Modelos de Ecossistema de Inovação

 

Para um compreendimento mais completo sobre o tópico, podemos somar a Teoria de Boulder a outro modelo de ecossistema de inovação chamado de Rainforest e aos 9 Pontos de Isenberg.

Em um artigo publicado pela Harvard Business Review, o autor propõe alguns comportamentos importantes para o desenvolvimento de um ecossistema de inovação. Esses comportamentos foram chamados de 9 Pontos de Isenberg e incluem posturas como:

  • Parar de emular o Vale do Silício;
  • Focar em mudanças culturais locais;
  • Apoiar o crescimento orgânico;
  • Basear a construção do ecossistema nas potencialidades da região;
  • Engajar o setor privado a participar colaborativamente;
  • Reformar marcos legais, burocráticos e regulatórios.

O estudo na íntegra pode ser acessado aqui: How to Start an Entrepreneurial Revolution.

Trazendo à pauta outra referência muito importante no conceito de ecossistemas de inovação, temos a abordagem Rainforest, de Victor Hwang. O estudo publicado em 2012 faz uma analogia dos ambientes de inovação com flores tropicais: ecossistemas vivos, não-uniformes, altamente colaborativos, flexíveis, em constante transformação e evolução, sem controle absoluto. Dentro dessa ecologia, todos os agentes citados anteriormente co-existem, fertilizando e nutrindo-se do mesmo ambiente.  Na visão do autor, esse contexto é premissa para a inovação.

Dentre diferentes tópicos que o livro aborda, observa-se que para o sucesso de um ecossistema é importante que grandes ideias sejam distribuídas em pequenas etapas – o processo de execução é que faz a diferença – e que esse ambiente seja rico em pessoas com i) talento; ii) novas ideias, iii) capital (aceleradoras e fundos).

Outra análise importante que o autor discorre é sobre a importância de espaços físicos, tendo em vista que a proximidade das pessoas gera colisões e essas colisões geram inovações. Levando essa abordagem em consideração, as próprias premissas de ecossistema de inovação estão sendo re-discutidas em tempos de isolamento social e já podemos visualizar sinais de novos modelos de ambientes muito mais descentralizados.

Para uma leitura mais detalhada, o livro pode ser adquirido aqui: The Rainforest Blueprint: How to Design Your Own Silicon Valley.

Conclusão

Ecossistemas de inovação são ambientes que promovem articulações entre diferentes atores que enxergam a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico.

Assim como florestas, diferem entre si quanto sua fauna e flora, ecossistemas de inovação também devem. Embora haja muita similaridade entre elas, cada ambiente possui suas premissas locais que precisam ser entendidas e usadas a favor do seu desenvolvimento.

“No fim do dia, tudo é sobre pessoas. Ecossistemas que atraem pessoas com talento, que colaboram entre si e se sentem orgulhosas de fazer parte desse ambiente, resolverão quaisquer problemas a que se aventurarem.” – Leonardo Mezzomo

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